Aos advogados, a visão de empreendedorismo jurídico, como empresa, é recente. Remonta a uma alteração dos meios de produção, a chamada indústria 4.0, uma inovação de era pela qual a sociedade global passa atualmente. E nós, brasileiros, como a maior nação do mundo com faculdades de Direito, não poderíamos ficar de fora.
O empreendedorismo carrega em si uma ideia de homem de negócios, que trava desafios constantes sobre como aumentar sua produção gastando menos. Para o universo jurídico, essa premissa tem martelado as mentes dos pensadores do Direito atuais.
Cito como exemplo o advogado britânico Richard Susskind. Em seu livro “Tomorrow’s Lawyers” (sem tradução no Brasil), ele expõe muito bem essa faceta sobre o aumento de produtividade gastando menos, exigência dirigida pelos empresários aos advogados.
E atualmente eu digo que não só os empresários, mas também a sociedade, está impulsionando essa transformação. Tudo isso em busca de soluções mais práticas, rápidas e simplificadas, de modo que os juristas brasileiros podem se beneficiar, e muito, deste universo.
Confira comigo alguns insights sobre essa onda de empreendedorismo jurídico que vem tomando corpo e forma no Brasil. 😉
Empreendedorismo jurídico: THIS IS NEW!
Como abordei acima, a noção de empreendedorismo nem sempre esteve ligada ao universo da Advocacia, sobretudo do Direito.
Enquanto nos bancos universitários, nós juristas fomos compelidos a estudar os meandros da legislação, onde podemos utilizar técnicas e conhecimentos jurídicos para o fim de reverter uma injustiça, ou mesmo em aplicar a Justiça.
Isso não acontece porque não se dá a devida importância para o tema empreendedorismo jurídico nos cursos de Direito – e faço uma observação de que o tema não está ligado apenas a advocacia. O empreendedorismo jurídico engloba muito mais que as carreiras clássicas.
Atualmente, há juristas que são consultores de grandes empresas de tecnologia, as chamadas lawtechs e legaltechs, que se debruçam para resolver problemas pertinentes ao universo do Direito.
Preste atenção que eu utilizei Direito, e não Advocacia. Isto porque, caro leitor, cara leitora, em razão do surgimento de novas tecnologias surgem novas necessidades.
O profissional que programa computadores, construindo o código-fonte de milhões de aplicações mundo afora não detém o conhecimento necessário para entender a dinâmica de aplicação de um conjunto de leis para uma determinada situação fato.
Logo, a noção de empreendedorismo jurídico deve estar associada não somente a Advocacia, como gestores de nossos escritórios que somos, mas essencialmente ao universo do Direito.
Importância e desafios do empreendedorismo jurídico
Atualmente, há juristas engajados no ecossistema de inovação e em empresas de tecnologia. Elas têm como meta solucionar problemas enfrentados por advogados, juízes, promotores, delegados, e mais uma gama de personagens do universo jurídico.
Não solitários, agregando à lista das personagens clássicas do universo jurídico, estão os empresários. Eles buscam alternativas para redução de custos e aumento da produtividade. E, na sequência, a sociedade, que busca soluções práticas e rápidas para seus problemas cotidianos.
Toda essa cadeia vem impulsionando o empreendedorismo jurídico, com o desenvolvimento das já citadas lawtechs e legaltechs, empresas voltadas ao segmento da inovação na advocacia.
Contribuindo com este cenário, a Aurum elaborou um ebook para advogados fazerem as melhores escolhas quanto ao uso da tecnologia. Com o material, é possível ter maior noção das melhores ferramentas para o seu negócio e fazer a escolha certa.
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Você já ouviu falar sobre Blockchain? Bom, é uma aplicação de computador que possibilita a inserção de informações, que, depois de validadas por um processo de cálculos matemáticos (criptografia), não podem mais ser alteradas ou apagadas.
Há pesquisas em andamento aqui no Brasil sobre a aplicação de Blockchain no Direito. Uma das possibilidades é a de a tecnologia ser inserida em Cartórios, entre várias outras aplicações que requerem integridade e robustez dos dados. Como se vê, portanto, esta é apenas uma das inúmeras possibilidades que essa plataforma da Blockchain promete entregar à sociedade.
Neste sentido, destarte, vislumbro um sem número de possibilidades para os profissionais do Direito. Mas sem que haja uma mudança de mindset, essas possibilidades ficam restritas a poucos grupos que se inclinam a estudar o tema.
Portanto, entendo que tudo ainda é muito recente no Brasil, e essa transformação do Direito está apenas no início. Não raro veremos, futuramente, disciplinas como “Princípios de Programação” em bancos acadêmicos Brasil afora.
Advogados empreendedores: é possível?
Com relação aos advogados, é inquestionável que essas mudanças provocadas no universo do Direito não os atingirão. Em verdade, já estão atingindo. Se você está lendo este texto e nunca ouviu falar no ROSS, sugiro começar a pesquisar temas relacionados ao futuro da advocacia.
Basicamente, o que ocorreu foi que recentemente a empresa americana de computadores IBM desenvolveu uma tecnologia baseada em Inteligência Artificial (IA) aplicada para funcionar como um advogado, batizado de ROSS.
Esse advogado robô é capaz de processar milhares de páginas e conteúdos jurídicos em segundos, com uma precisão incrível, entregando resultados e propostas pontuais e profícuas àqueles que se utilizam da plataforma.
Apesar de não existir razão para pânico, é bom sempre conhecer o que está acontecendo ao seu redor, e como essas novidades podem lhe abrir portas.
Na prática, para um advogado autônomo, empreendedorismo jurídico tem um significado mais simples. A questão prática é gerir os negócios de forma a manter o controle das informações e dos dados, e a tecnologia vem bem a calhar nesses momentos.
Existem diversos programas para advogados voltados a gestão dos negócios, que fornecem relatórios completos e apurados. Essas informações são muito úteis para direcionar o rumo para onde ir e as correções que precisam ser adotadas em tempo de correção de rota. Além disso, contribuem para melhorar o relacionamento com os clientes, atendimento em escritórios de advocacia, dentre várias outras situações e possibilidades.
Saiba mais sobre empreendedorismo na advocacia aqui no blog da Aurum!
Conclusão
O cenário para o empreendedorismo jurídico no Brasil é promissor. A aplicação de técnicas de empreendedorismo voltadas ao mundo jurídico está apenas no início, como afirmei anteriormente.
Há diversos segmentos e problemas que urgem por soluções, como o alto índice de litigiosidade, a dificuldade de acesso a informações jurídicas básicas, o tempo de tramitação de processos, dentre vários outros.
O meu conselho é de ler sobre o assunto e conhecer o que há em termos de empreendedorismo jurídico para estabelecer um ponto de conexão com os temas que dia após dia surgem no cenário jurídico.
Entender esse movimento é se integrar com o futuro do Direito, com o futuro da advocacia. E quem sabe protagonizar uma grande mudança, uma grande mudança de paradigma, ou como a indústria 4.0 afirma, causar uma disrupção.
Para isso é importante ter em mente que é preciso abandonar velhos estigmas, velhos hábitos. É o que se chama de mudança de mindset, como eu citei anteriormente.
A proposta é estabelecer uma forma de fazer algo cotidiano com menos recursos, seja usando a tecnologia, ou não, e pra isso não adianta pensar com a cabeça tradicional. Mente aberta, um futuro pela frente, você e um horizonte de possibilidades. Empreendedorismo jurídico, aí vamos nós!
E você? Como está visualizando essa questão do empreendedorismo jurídico? Comente e compartilhe conosco abaixo! 😉
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Advogado (OAB 277160/SP). Bacharel em Direito pela Universidade São Francisco - USF. Pós-graduado lato sensu em Direito Previdenciário e Direito Tributário. Também sou especialista em Direito do Consumidor. Sou advogado autônomo há mais de 13 anos, atuando em São Paulo...
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