O que é a dilação? >

Saiba o que é dilação de prazo no CPC e como solicitar no processo [+ Modelo Gratuito]

14 mar 2025
Artigo atualizado 17 mar 2025
14 mar 2025
ìcone Relógio Artigo atualizado 17 mar 2025
A dilação de prazo é o requerimento para estender o tempo estipulado para o cumprimento de uma obrigação, sendo comum em processos judiciais, administrativos e contratuais. Essa prorrogação pode ser solicitada por razões justificáveis, como complexidade da demanda ou circunstâncias imprevistas, desde que não comprometa a eficiência e a legalidade do procedimento.

Não são raras as situações em que um determinado prazo processual se mostra insuficiente para cumprir determinadas obrigações, como a juntada de documentos que dependem de terceiros. Além disso, situações inesperadas podem impedir o cumprimento tempestivo, trazendo prejuízos à parte envolvida.

Nesses casos, é possível solicitar a dilação do prazo, ou seja, a ampliação do tempo disponível para atender à exigência processual. Esse recurso pode ser essencial para garantir que o prazo não se torne um obstáculo intransponível.

Neste artigo, exploramos o conceito de dilação de prazo, suas aplicações e a distinção entre prazos peremptórios e dilatórios. Também abordamos o procedimento para solicitar essa prorrogação, os documentos necessários e o tempo médio para sua concessão.

Por fim, disponibilizamos um modelo gratuito de pedido de dilação de prazo para facilitar sua aplicação prática. O objetivo é fornecer um guia útil para advogados, estudantes e qualquer pessoa envolvida em processos judiciais que precise lidar com prazos curtos e exigências processuais complexas.

Continue a leitura para saber mais! 😉

O que é dilação de prazo? 

A dilação de prazo é uma situação que todo profissional busca evitar, pois ela indica a necessidade de prorrogar um prazo já estabelecido, desde que autorizado pelo(a) magistrado(a). 

Essa “prorrogação” se torna essencial quando o prazo processual é insuficiente para cumprir obrigações, como a coleta e juntada de documentos complexos ou que dependem de terceiros. Também se aplica quando surgem fatos imprevistos ou inevitáveis que impossibilitam o cumprimento dentro do prazo determinado.

Quando cabe fazer um pedido de dilação de prazo?

Os prazos processuais podem ser dilatados pelos magistrados não apenas quando o prazo original é insuficiente para cumprir uma obrigação, mas também diante de circunstâncias excepcionais que afetem a parte ou seu procurador. 

Casos como falecimento, doenças graves, calamidades públicas ou outras impossibilidades intransponíveis de comparecimento são considerados válidos para solicitar a extensão do prazo.

Cada solicitação é analisada de forma individual, e o juiz decide, com base nos detalhes específicos do caso, se a dilação é justificada.

Com o CPC de 2015, houve uma flexibilização significativa na gestão dos prazos processuais. Antes dessa mudança, os prazos eram rigidamente classificados em peremptórios (não podiam ser alterados sem o consenso das partes) e dilatórios (podiam ser modificados com mais flexibilidade).

Art. 222. Na comarca, seção ou subseção judiciária onde for difícil o transporte, o juiz poderá prorrogar os prazos por até 2 (dois) meses.

§ 1º Ao juiz é vedado reduzir prazos peremptórios sem anuência das partes.
§ 2º Havendo calamidade pública, o limite previsto no caput para prorrogação de prazos poderá ser excedido.

Art. 223. Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar ou de emendar o ato processual, independentemente de declaração judicial, ficando assegurado, porém, à parte provar que não o realizou por justa causa.

§ 1º Considera-se justa causa o evento alheio à vontade da parte e que a impediu de praticar o ato por si ou por mandatário.
§ 2º Verificada a justa causa, o juiz permitirá à parte a prática do ato no prazo que lhe assinar.

Dado o impacto que o decurso do prazo pode ter, como a perda do direito de agir no processo, é essencial que os pedidos de dilação sejam feitos antes que o prazo original se esgote, sempre que possível.

Quanto à retroação da decisão que prorroga o prazo, ela ocorre apenas em casos excepcionais, com justa causa comprovada.

É importante destacar que, quando o imprevisto afeta apenas o advogado, a flexibilização do prazo é aceita pelo juiz apenas se ele for o único profissional constituído no processo. Se a parte tiver outros advogados não afetados, entende-se que o prazo poderia ser cumprido.

Qual a diferença entre prazos peremptórios e dilatórios?

Antes da reforma do Código de Processo Civil em 2015, havia uma distinção rígida entre prazos peremptórios e dilatórios. Os prazos peremptórios eram imutáveis, não podendo ser alterados nem pelas partes nem pelo juiz. 

Eles se aplicavam a atos processuais fundamentais, como contestar, apelar e embargar declaração. Já os prazos dilatórios eram mais flexíveis, podendo ser ajustados conforme a necessidade do processo.

Com a reforma de 2015, essa distinção foi suavizada. Agora, tanto os prazos peremptórios quanto os dilatórios podem ser dilatados, desde que haja uma justificativa legal, como dificuldades logísticas, calamidades públicas ou justa causa. 

O novo CPC busca maior flexibilidade, permitindo ajustes que considerem as circunstâncias imprevistas, equilibrando a necessidade de prazos estritos com a adaptação às realidades dos envolvidos.

Embora ainda existam resistências, especialmente em relação à dilação de prazos peremptórios, a mudança reflete uma abordagem mais equitativa. O juiz, ao avaliar a necessidade de dilação, deve considerar as condições específicas do caso para garantir que o direito material seja apreciado de forma justa e eficaz.

Como funciona a contagem processual em caso de dilação

A contagem da dilação de prazo segue as mesmas regras gerais de contagem de prazos processuais no Código de Processo Civil (CPC), com a diferença de que, ao conceder a dilação, o juiz estende o prazo originalmente fixado para a prática de um ato processual.

Para entender como contar a dilação de prazo, é importante considerar alguns pontos:

  • Início da contagem: A dilação de prazo começa a contar do momento em que a decisão que concede a prorrogação é proferida. Ou seja, o prazo dilatado passa a ser contado a partir da data em que o juiz autoriza o pedido, e não da data original do prazo.
  • Prazo determinado pelo juiz: O juiz determina a nova data ou o novo prazo para o cumprimento da obrigação. Não existe um prazo fixo para cada caso, pois a dilação é concedida conforme a necessidade apresentada e a situação específica de cada processo.
  • Suspensão ou interrupção de prazos: Se a dilação do prazo for concedida enquanto o prazo original ainda não expirou, o prazo pode ser suspenso até a decisão sobre a dilação. Após a concessão, o prazo dilatado é contado de acordo com a nova determinação do juiz.
  • Exceções: Nos casos em que a dilação de prazo é concedida para situações imprevistas, como desastres naturais ou emergências, a contagem leva em consideração a necessidade de adaptação do processo às circunstâncias. O juiz pode definir a prorrogação por um período proporcional à situação apresentada.

Leia também: 4 dúvidas comuns sobre contagem de prazo!

Como solicitar a dilação de prazo? 

Para solicitar a dilação de prazo, é essencial que o pedido seja bem fundamentado, claro e que as alegações sejam comprovadas. Abaixo estão algumas diretrizes essenciais para a preparação e submissão de um pedido de dilação de prazo:

  • Identifique a necessidade de forma clara: Explique claramente a razão pela qual a extensão do prazo é necessária. Isso pode incluir atrasos na obtenção de documentos, indisponibilidade de testemunhas ou outros eventos imprevistos.
  • Apresente provas: Anexe ao pedido todas as provas que justifiquem a necessidade de mais tempo, como declarações, atestados médicos ou documentos oficiais.
  • Fundamente o pedido: Baseie o pedido nas normas autorizativas, como os artigos 222 e 223 do CPC. Caso haja uma norma específica que se aplique à situação, mencione-a, como as leis editadas durante a pandemia de Covid-19.
  • Faça o pedido durante o prazo original: Sempre que possível, submeta o pedido antes do término do prazo original. Isso demonstra boa-fé e diligência ao lidar com a situação excepcional.
  • Comunique à parte contrária: Em muitos casos, é recomendável informar a parte contrária sobre o pedido, para que ela tenha a oportunidade de se manifestar ou até concordar com a prorrogação.

Quais os documentos necessários para solicitar a dilação?

O elemento essencial para a dilação de prazo é a prova de que a situação alegada é verdadeira. Por isso, é fundamental apresentar a documentação adequada e compatível com a justificativa do pedido de alteração do prazo processual.

Por exemplo:

  • Se a justificativa for relacionada a questões de saúde urgentes, a parte deve anexar atestados médicos detalhados, declaração do hospital e, se aplicável, documentos do órgão de resgate (como bombeiros, SAMU, entre outros).
  • Em caso de desastres naturais, podem ser incluídas fotos, laudos de danos, documentos oficiais da Defesa Civil, registros de ocorrências policiais ou do Corpo de Bombeiros, e até reportagens da imprensa.

Os documentos úteis para comprovar a necessidade de dilação podem ser agrupados em algumas categorias:

  1. Documentação médica: atestados, declarações hospitalares e comprovantes da ocorrência.
  2. Documentos oficiais: emitidos por órgãos competentes, como Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Polícia, ou certidões de óbito.
  3. Fatos públicos e notórios: como os documentos provenientes da imprensa, que podem ser mais flexíveis como prova.

Modelo gratuito: petição de dilação de prazo

O pedido de dilação de prazo deve ser feito caso a caso, com fundamentação específica. Portanto, lembre-se que o modelo abaixo serve como um guia para verificar os requisitos essenciais. 😉

acessar modelo gratuito de dilação

Conclusão

O pedido de dilação de prazo é uma ferramenta importante para evitar prejuízos em situações inesperadas durante o processo. E, por mais que a diferença entre prazos peremptórios e dilatórios tenha sido suavizada pelo CPC, o advogado ainda precisa entender quando e como pedir a extensão de prazo, sempre justificando a necessidade.

Embora a legislação tenha aberto mais possibilidades, a dilação de prazos peremptórios continua sendo uma questão sensível e frequentemente contestada, exigindo uma boa argumentação e provas consistentes.

Para fazer um pedido de dilação, o advogado precisa ser cuidadoso, explicando claramente por que a prorrogação é necessária e fornecendo toda a documentação relevante. Agir de maneira diligente ajuda a evitar prejuízos causados pelo descumprimento dos prazos.

A dilação de prazo não deve ser vista como uma solução conveniente, mas como uma medida justa, garantindo que todos possam se manifestar dentro de um prazo razoável. Embora a lei permita a dilação, é responsabilidade do advogado usá-la com cuidado, sempre com o objetivo de proteger os interesses de seu cliente.

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Conheça as referências deste artigo

MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo Curso de Processo Civil 3ª edição. Volume 1. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017.

THEODORO JÚNIOR, Humberto. Código de processo civil anotado. 23. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020

BRASIL. Código de Processo Civil de 2015. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em 08/02/2023


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Advogado (OAB 51419/SC). Sócio de Bertoncini, Gouvêa & Tissot Advogados, onde atua nas áreas de Direito Civil, Direito Empresarial, Direito dos Contratos, Responsabilidade Civil e Direito do Consumidor. Mestrando em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Pós-graduado em...

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