O Direito de Família é o ramo jurídico que trata das relações familiares, regulamentando tanto o convívio quanto seus efeitos pessoais e patrimoniais, especialmente em situações de ruptura. É considerado o campo mais humanizado do direito.
Todos os advogados e estudantes sabem que o Direito, de forma simplificada, é um conjunto de regras, normas e princípios que regulam o comportamento humano e a vida em sociedade, garantindo os direitos individuais e coletivos para promover uma convivência harmoniosa.
No entanto, no Direito de Família, a situação é mais complexa. Os relacionamentos humanos vão além das regras jurídicas (o que pode ou não pode), exigindo dos profissionais uma compreensão mais profunda dos conflitos emocionais que envolvem essas relações, para encontrar a melhor solução em cada caso.
Além disso, as frustrações, angústias e mágoas frequentemente ligadas ao Direito de Família exigem uma aplicação baseada em princípios mais flexíveis e em entendimentos jurisprudenciais que variam de caso para caso. Por isso, o advogado precisa estar sempre atualizado, ter empatia e lidar de forma sensível para se destacar nessa área.
Continue a leitura para entender mais! 😉
O que é o Direito de Família?
O Direito de Família é o ramo do direito que regula as relações familiares, que podem surgir por vínculo sanguíneo (como entre pais e filhos, irmãos, netos e avós), por vínculo civil ou afetivo (nos casos de adoção, tutela ou curatela), ou ainda por afinidade, que se estabelece com o casamento ou a união estável.
Apesar de a família ser considerada a base da sociedade, não existe um único modelo para sua formação. Ela pode ser composta de diversas formas, o que chamamos de entidades familiares, e por isso não há um conceito fechado de Direito de Família.
Esse ramo do direito se orienta por princípios constitucionais como a dignidade da pessoa humana, afetividade, liberdade, igualdade, solidariedade familiar e pluralismo, entre outros, para definir os direitos e deveres no convívio familiar.
Além desses princípios, a doutrina e a jurisprudência são constantemente aplicadas, já que muitos direitos são propositalmente previstos de forma genérica, como o princípio do melhor interesse da criança, permitindo sua adaptação a cada tipo de família.
Entre os direitos regulamentados pelo Direito de Família estão o casamento, divórcio, guarda dos filhos, adoção e pensão alimentícia, com o objetivo de garantir os direitos e deveres de cada integrante da família.
Quais são os principais temas abordados no Direito de Família?
No Direito de Família, existem várias áreas de atuação para o profissional. Com a evolução da sociedade, novos temas têm surgido, exigindo que a doutrina e o Judiciário se posicionem para criar ou validar regras, como a guarda compartilhada de animais e os contratos de namoro.
Da mesma forma, bens digitais como moedas virtuais, milhas aéreas e até itens de videogame (que podem ter valor financeiro) começaram a ser discutidos em processos de divórcio. Para facilitar, podemos agrupar os principais temas em seis grandes categorias:
- Casamento e União Estável: Engloba as normas que regulam a formação dessas uniões, como a escolha do regime de bens, o pacto antenupcial e os direitos e deveres dos cônjuges ou companheiros durante a união.
- Divórcio e Dissolução: Trata das regras para o fim dessas uniões, incluindo a partilha dos bens conforme o regime de bens escolhido, a possibilidade de pensão entre o ex-casal (inclusive compensatória) e questões como a alteração de nome.
- Filiação e Adoção: Reúne as normas sobre os direitos e deveres entre avós, irmãos, pais e filhos, abordando temas como o reconhecimento de paternidade, filiação socioafetiva e adoção.
- Guarda e Direito de Convivência: Regula o dever dos pais em relação ao cuidado, educação e desenvolvimento dos filhos, além do direito de convivência (visitas), a duração desse convívio e os modelos de guarda compartilhada. Também inclui a proteção contra alienação parental.
- Alimentos: Normas que permitem o pagamento de pensão entre o ex-casal, pais e filhos ou até irmãos, definindo quem tem direito, os critérios e requisitos para o cálculo da pensão.
- Tutela e Curatela: Regras que permitem que uma pessoa seja representada por outra quando estiver incapacitada, seja pela idade (tutela) ou por algum impedimento temporário ou permanente que afete sua capacidade de expressão (curatela).
Como é a atuação do advogado no Direito de Família?
Como vimos, o Direito de Família abrange uma série de temas e demandas, tanto na criação quanto na ruptura dos vínculos familiares. Isso permite que o advogado atue em diversos momentos, seja de forma extrajudicial ou judicial.
Extrajudicialmente, o advogado pode ajudar na elaboração de uma escritura pública de união estável ou um pacto antenupcial, além de atuar no divórcio ou dissolução por escritura pública, se houver consenso entre as partes. Essa atuação pode ser em nome de ambos ou apenas de uma das partes, sem a necessidade de acionar o Judiciário.
No campo judicial, o advogado pode atuar em processos de divórcio ou dissolução de união estável. Se houver filhos menores envolvidos, ele também poderá cuidar da regulamentação da guarda, estabelecer o regime de convivência e alimentos, além da partilha de bens.
Importante lembrar que, mesmo judicialmente, a atuação pode ser consensual. O advogado pode representar o casal quando há concordância sobre todos os temas a serem resolvidos.
Além disso, o advogado pode auxiliar em processos de adoção (inclusive socioafetiva), na instituição de tutela ou curatela e até no planejamento familiar, como a criação de holdings patrimoniais ou testamentos.
Em muitos casos, o advogado também atua como conselheiro, ajudando os clientes a compreenderem seus direitos, avaliando os prós e contras de cada ação e acolhendo as frustrações e tristezas envolvidas nesses processos.
Quais são as competências essenciais para um advogado de Direito de Família?
Existem várias competências que ajudam o advogado em sua atuação, incluindo uma boa oratória, mas algumas são fundamentais:
- Conhecimento técnico atualizado: O advogado precisa estar por dentro não só das leis, mas também da evolução doutrinária e jurisprudencial. Muitos temas atuais, como o casamento homoafetivo ou a guarda de animais, ainda não têm previsão legal clara.
- Conhecimento geral: O Direito de Família pode se cruzar com outras áreas, como direito imobiliário, empresarial e previdenciário, exigindo uma visão mais ampla do advogado.
- Empatia e sensibilidade: Sendo uma área mais humanizada, o advogado deve entender a dor do cliente, que muitas vezes não está emocionalmente preparado para enfrentar um processo judicial. Sensibilidade é essencial para lidar com esses conflitos.
- Negociação: Um bom acordo pode ser melhor do que uma decisão judicial, principalmente em questões como visitas e partilha de bens. Por isso, saber negociar com o advogado da outra parte é crucial para evitar litígios prolongados.
Quais são os principais desafios enfrentados pelos advogados que atuam em Direito de Família?
Manter as competências citadas anteriormente já é um grande desafio. Além disso, os advogados precisam estar emocionalmente preparados para lidar com o desgaste e as frustrações trazidas pelos clientes. Ou seja, além de empatia, é necessário ter resiliência para não se deixar abater por essas situações.
Esses desafios aparecem tanto em processos que envolvem o direito de convivência dos filhos, quanto em divórcios, onde a demora do Judiciário prolonga a resolução dos problemas, gerando estresse contínuo.
Outro ponto importante é entender que a advocacia é uma atividade de meio, e não de resultado. O que significa que, mesmo fazendo o melhor possível, o pedido será analisado por um juiz, que pode decidir a favor da parte contrária.
Quais são as dicas para os novos advogados que atuam no Direito de Família?
Além de tudo o que já foi mencionado, o advogado de Família costuma estar envolvido em mudanças significativas na vida dos seus clientes, como passar de solteiro para casado, de casado para divorciado, ou de filho para curador.
Embora o advogado seja contratado para conduzir essas mudanças, suas ações podem gerar impactos permanentes na vida e nos relacionamentos dessas pessoas. Por isso, é essencial lembrar que, enquanto o cliente vai embora, a convivência dele com o filho, o ex-cônjuge ou os familiares continua.
Assim, é importante que o advogado não foque apenas nos honorários ou nas emoções momentâneas do cliente, mas reflita sobre o impacto das suas ações, principalmente quando envolve direitos de menores, como pensão alimentícia, guarda e convivência. Muitas dessas demandas acabam voltando ao Judiciário, reacendendo conflitos familiares que poderiam ter sido resolvidos de forma mais eficaz.
Por fim, lembre-se de que tudo o que for escrito nos processos será lido pela parte contrária. Portanto, mantenha o respeito e o tom técnico, evitando inflamar ainda mais uma situação que já pode ser bastante conflituosa.
Indicações de filmes sobre Direito de Família:
Se você gosta do Direito de Família ou quer entender melhor as dinâmicas e os conflitos de interesses associados a esse tema, separei alguns filmes que buscam retratar essa realidade de maneira mais próxima com o que é vivenciado:
- Kramer vs. Kramer (1979) – ganhador de 5 Oscars, incluindo melhor ator (Dustin Hoffman) e melhor atriz coadjuvante (Meryl Streep), esse filme conta a história de um casal que durante um processo de divórcio disputa no tribunal a guarda de seu único filho, retratando as frustações e desafios emocionais nesse percurso;
- A Lula e a Baleia (2006) – De um jeito mais leve, esse filme também trata do processo de divórcio, mas sob a perspectiva dos filhos do casal, que junto com os pais também são afetados pela separação e pela mudança na dinâmica familiar sem terem participado dessa escolha, com cada filho reagindo de uma maneira diferente.
- História de um casamento (2019) – Interpretado pelo casal Adam Driver e Scarlett Johansson, este filme super premiado conta de uma maneira realista a história de duas pessoas que se apaixonaram e vivenciaram o casamento, mas decidiram se separar, lutando pela guarda do filho em comum e se adaptando às mudanças na convivência com os amigos e familiares para seguirem uma nova vida.
- De Repente uma Família (2018) – Com uma abordagem humorística, esse filme baseado em fatos reais conta a história de um casal que decide adotar uma criança, mas acaba aceitando (sem qualquer experiência) três irmãos de uma vez, sofrendo uma série de obstáculos durante o processo de adoção e estágio de convivência para criar um laço afetivo até então inexistente.
Por fim, deixei o filme A Guerra dos Roses (1989) de fora dessa lista porque embora também retrate o divórcio de um casal, trata-se de uma comédia ácida que explora o ódio durante o processo de separação, pois ao não concordarem com a partilha do único imóvel, o ex-casal decide continuar vivendo na mesma casa criando-se uma verdadeira guerra diária.
Você já assistiu algum desses filmes ou gostou dessas indicações? Deixe seu comentário no final do texto e conta pra gente. 😉
Conclusão:
O Direito de Família é uma área complexa e dinâmica que exige dos advogados um conjunto único de habilidades e conhecimentos. Ao mesmo tempo, trata-se de uma área que constantemente necessita de um profissional, pois como base da sociedade, os vínculos familiares geram constantes demandas jurídicas.
Para aqueles que desejam atuar nesse campo desafiador, é essencial desenvolver as competências acima mencionadas e manter-se continuamente atualizado. O Direito de Família sem dúvida é um ramo incrível do direito.
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Advogado desde 2010, Contador desde 2019. Mestre em Direito, Justiça e Desenvolvimento. Pós Graduado em Direito Digital. Especialista em Direito Processual Civil e Direito Constitucional. Coautor de obras e artigos jurídicos. Titular do escritório Bruno Molina Sociedade Individual de Advocacia...
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Boa tarde! Gostei muito dos esclarecimentos dados aqui. Me ajudaram em uma série de dúvidas que tinha. Agradeço !
Oi, Adriana! Ficamos super felizes que o artigo tenha sido esclarecedor para você.