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Saúde mental na advocacia: à procura do equilíbrio

Saúde mental na advocacia: à procura do equilíbrio

6 set 2023
Artigo atualizado 25 set 2024
6 set 2023
ìcone Relógio Artigo atualizado 25 set 2024
Saúde mental na advocacia é um tema necessário tanto para os indivíduos quanto para os negócios. Afinal, saúde mental é essencial para que possamos lidar com as situações diversas e imprevisíveis da vida cotidiana e da vida jurídica. 

Quando se fala sobre saúde mental, os advogados e advogadas ainda têm um longo caminho a percorrer. Sendo uma profissão que lida todos os dias com os problemas e dores de outras pessoas, em meio a muita pressão e prazos, é certo que discutir e atuar sobre o cuidado com a saúde mental nessa área deve ser uma prioridade.

Arriscamos dizer que o futuro da advocacia será prejudicado, caso a saúde mental no trabalho jurídico não seja valorizada. Afinal, esse é o principal motivo de afastamento do trabalho, visto que 30% dos advogados brasileiros foram afastados pelo INSS entre 2012 e 2018, segundo o Valor Econômico.

Nesse contexto, convidamos você a refletir sobre a importância de se discutir saúde mental na advocacia, sobre como melhorar os ambientes de trabalho e sobre o impacto desse tema no crescimento e longevidade dos negócios. Bora?

O que é saúde mental?

A saúde mental envolve diversas camadas da vida pessoal e profissional. É o estado psicológico, emocional e social no qual as pessoas são capazes de lidar com os problemas, o estresse, o trabalho e com os relacionamentos. Ou seja, manter o equilíbrio e a atenção à saúde mental na advocacia faz com que os profissionais:

  • Tenham capacidade de lidar com as emoções;
  • Construam boas relações interpessoais;
  • Enfrentem os desafios e problemas;
  • Se adaptem às mudanças.

Qual a importância de discutir saúde mental na advocacia?

A carreira jurídica é conhecida por sua natureza exigente e desafiadora. Advogados e advogadas enfrentam grandes pressões, prazos apertados e a responsabilidade de defender os interesses de seus clientes. No entanto, no meio de toda essa demanda profissional, é fundamental não negligenciar a própria saúde mental.

Para além da advocacia, não é exagero dizer que o mundo está adoecendo. Durante a quinta edição do Aurum Summit, evento que debate temas emergentes ligados ao direito e negócios, conversamos com a Maria Barreto, Diretora de Receita na Zenklub – principal ecossistema de saúde emocional e bem-estar corporativo do Brasil – e ela compartilhou com a gente alguns dados sobre o tema:

  1. A procura por psicoterapia no Brasil mais que dobrou nos últimos 5 anos;
  2. 53% dos brasileiros declaram que a saúde mental piorou nos últimos 3 anos;
  3. 1 a cada 3 pessoas relatam possuir sintomas relacionados a transtornos mentais;

Nesse cenário, no qual os profissionais da advocacia fazem parte, falar sobre saúde mental e, principalmente, agir sobre o tema é vital para que você, o seu time e o seu escritório possam crescer de maneira saudável. Pois, se as pessoas ao redor não estão bem, não há como o trabalho prosperar.

O custo da saúde mental para os negócios

Há quem pense que a saúde mental dos colaboradores é um problema individual, mas na verdade é um problema do negócio. A falta de cuidado e tato sobre o tema acarreta em afastamentos do trabalho e estima-se que para o mercado de trabalho, são 12 bilhões de dias perdidos anualmente devido a depressão e ansiedade, uma perda mundial de 1 trilhão de dólares.

Quanto custa a ausência de cuidados com a saúde mental para o seu negócio? Ou para a sua vida? É tempo e dinheiro que não voltam e não são investidos em soluções. Mas calma, vamos te ajudar a encontrar soluções.

Como investir na saúde mental na advocacia?

Bom, os caminhos são muitos. Afinal, falar sobre saúde mental é falar sobre pessoas, entra em um campo subjetivo, e não há uma regra universal. Mas, com certeza, existem ações que podem ser tomadas para tornar o ambiente de trabalho mais saudável, sem deixar a produtividade de lado.

Olhe além do indivíduo

A primeira reflexão que a Maria Barreto fez é que a saúde mental vai muito além do indivíduo, ele é o final do processo, mas existem muitas camadas que interferem no seu bem-estar. Então, para começar, entenda que é preciso criar espaços que façam sentido para as pessoas que fazem parte do time. É preciso olhar para o ambiente, para a cultura, valores e ritos e se certificar de que as pessoas estão incluídas neles.

Além disso, o RH e times de saúde precisam ser empoderados, ter ferramentas, capacidade de mensurar dados e identificar problemas. Assim, é possível agir sobre eles. Outra camada que interfere na saúde emocional são as lideranças, elas são tão importantes que faremos um tópico à parte. Por fim, chegamos nos indivíduos e na necessidade de encorajar as pessoas a se conhecerem mais, a se cuidarem.

Invista nas lideranças

Estima-se que as lideranças interferem 70% na saúde mental dos liderados. Isso é mais do que os próprios familiares e amigos. Portanto, é preciso olhar com ainda mais atenção para este pilar.

Se você tem um papel de liderança é preciso se atentar à 9 fatores:

Transparência nas responsabilidades

A sensação de falta de direção ou do que fazer influencia na produtividade e propósito do trabalho. É preciso ter uma comunicação assertiva, organização e transparência quanto às responsabilidades e expectativas das entregas.

Relacionamento com os colegas

Em um mercado de trabalho cada vez mais digital e sem fronteiras geográficas, o contato humano ainda é imprescindível, assim como a sensação de pertencimento ao time. É tarefa da liderança estimular esses momentos de conexão, ainda que virtuais.

Desconectar do trabalho

Algo que talvez seja comum no mundo jurídico é trabalhar fora do horário de trabalho, devido a pressão por prazos e demandas crescentes. Entretanto, a vida pede espaço, e é preciso investir em momentos de descanso e lazer para se estar bem no trabalho. Cabe a liderança organizar as demandas para que o time possa de fato se desconectar do trabalho. Aquele e-mail enviado às 10 horas da noite para o seu liderado não ajuda no processo. Estimule que trabalhem no horário de trabalho.

Preocupação constante

Essa preocupação constante faz com que as pessoas não se afastem do trabalho e, ao mesmo tempo, não tenham espaço para desenvolver os melhores trabalhos. A preocupação deve existir, mas precisa ser compartilhada e com limites.

Exaustão

Burnout é a doença do século devido ao excesso de trabalho, e ele começa com a exaustão. Crie formas de mensurar os trabalhos, divisão de demandas e tempo de trabalho. Avalie a performance do time, mas também o equilíbrio entre as pessoas.

Conflitos

Eles são normais na vida e no trabalho, cabe a liderança entender como estimular a colaboração quando os problemas aparecem. Pois, se solucionado junto, o desgaste individual é menor.

Autonomia e participação

A definição de metas e diretrizes deve ser sempre compartilhada. A comunicação sobre o que está acontecendo e formas de estimular a participação são sempre bem-vindas.

Relacionamento com a liderança

Mesmo que se tenham problemas geracionais ou desejos diferentes entre as partes, é preciso entender as demandas, dores e aspirações individuais para construir esse relacionamento entre líder e pessoa liderada.

Volume de demanda

É preciso dividir, equilibrar as demandas. Uma pessoa sobrecarregada, geralmente, não consegue fazer um bom trabalho e, por consequência, passa a ter sentimentos negativos ligados a essa falta de qualidade. Sendo que, muitas vezes, o problema está no volume de demandas.

Nem sempre é preciso dizer sim

A promoção da saúde mental começa com o autocuidado, portanto, os limites saudáveis são fundamentais. Quando há um excesso de demandas e uma falta de visão holística do trabalho, o caminho natural é sempre aceitar novas demandas, com novos prazos, responsabilidades e lucros. Mas, aprender a dizer “não” quando necessário é o que previne o esgotamento.

Entenda que você não está só

Uma das maiores barreiras para a saúde mental na advocacia é o estigma associado a buscar ajuda. No entanto, os profissionais devem reconhecer que não estão sozinhos em suas lutas. Na verdade, como vimos antes, é algo muito comum na sociedade atual e na advocacia moderna.

Ter um diálogo aberto e destigmatizado sobre saúde mental na comunidade jurídica é essencial para criar um ambiente de apoio e de crescimento mútuo.

Inclusive, a própria Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) desenvolve desde 2018 uma Cartilha da Saúde Mental na Advocacia, justamente chamando atenção para as doenças que são comuns ao meio, como: a síndrome do burnout, esgotamento físico e mental; transtorno de ansiedade generalizada; transtornos de pânico e depressão. Ou seja, falar sobre o tema já é um debate iniciado, de fato os profissionais da advocacia não estão sozinhos.

Saiba mais sobre tratamentos alternativos da depressão.

Saúde mental e tecnologia

Parece que são duas áreas que não se misturam, né? Mas a tecnologia pode facilitar um ambiente mais equilibrado, produtivo e saudável no trabalho.

Existe aquela velha história – que voltou com força – de que profissionais seriam substituídos por inteligências artificiais. Não é verdade, como discutimos no artigo inteligência artificial na advocacia. Entretanto, é verdade que a tecnologia é uma facilitadora do trabalho. Se usada de forma inteligente, ela faz os trabalhos repetitivos, aqueles que você perde horas do dia fazendo. Ou seja, sobra mais tempo para os profissionais atuarem em trabalhos intelectuais. E, se sobra tempo, a saúde mental agradece.

Um exemplo prático dessa realidade é com o uso do software jurídico Astrea, diversos clientes já relataram que ele auxilia na diminuição do estresse. Afinal, a tecnologia vira uma aliada que avisa quando há movimentações de processos diretamente na tela do seu celular. Com ele os seus clientes ficam informados automaticamente e você não precisa ficar respondendo aquela famosa pergunta “Doutor, como anda o meu processo?”.

Ou seja, aproveite as novas tecnologias para facilitar o seu trabalho e o da sua equipe.

Leia também 5 ferramentas para advogados que querem ser mais produtivos.

Conclusão

Em um campo tão desafiador como a advocacia, a saúde mental não pode ser considerada um detalhe secundário, mas sim um alicerce fundamental para o sucesso sustentável. Os advogados e advogadas desempenham um papel vital na busca pela justiça e na manutenção do estado de direito, e, para cumprir essa função de maneira eficaz, é essencial que estejam emocionalmente equilibrados.

Esperamos que essas reflexões não parem aqui. Abrir o diálogo na comunidade jurídica é contribuir não apenas para a saúde individual, mas também para uma cultura jurídica mais compassiva e solidária.

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